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Ah, essas mulheres ainda Cinderelas…

Nicinha, sem essa de Cinderela!

Sábado à noite de um inverno chegando ao fim e a Nicinha toda amuada porque, depois de oito meses de um namoro quente com um português sessentão, ia passar aquele sábado olhando para a televisão, disputando lágrimas com a atrapalhada Luzia em seus desacertos com Beto Falcão, na colorida trama de João Emanuel Carneiro.

A vida da Nicinha também poderia virar enredo de novela. A dela e a da Cris, da Marina, da Neusinha… todas com mais de 50 anos, saídas de casamentos desfeitos pela separação ou pela morte que arrebatou os maridos e, até agora, não lhes deu um substituto decente.

Também, pudera! A Nicinha mandou embora o Alberto porque ele estava controlando demais a vida dela. Queria saber onde ela estava na quarta-feira, depois das 9 da noite, e ficou todo emburrado porque no domingo ela saiu para almoçar fora com os filhos e voltou para casa (dela, claro!) quando o sol estava indo embora do horizonte.

Onde já se viu tanto tempo para almoçar com os filhos, resmungou o namorado. “Onde já se viu digo eu, querer tomar conta da minha vida! E ele, controlador assim, me pedindo satisfação de tudo, mas não abre o bico para falar que tanta reunião é essa ou me contar mais das três filhas!”, reagiu toda raivosa a namorada, tentando justificar o sábado infeliz.

Naquela conversa de amigas que acaba virando sessão de terapia, alguém quis saber se o português tinha alguma qualidade boa ou se era só um rabugento vigilante da agora ex-namorada. Nãoooooooooo, disse uma Nicinha muito séria, enumerando que o Alberto era um ótimo parceiro para ir ao cinema ou ver DVDs no tranqüilo apartamento dela, adorava também alguns shows que ela fazia questão e lá ia o namorado junto, feliz da vida. E, acima de tudo, estava sempre pronto para a coisa que ela mais gostava de fazer: dançar. Aliás, foi no salão de baile que se conheceram e dali para as conversas ao pé do ouvido foi um gosto só!

E, sem muita cerimônia, Nicinha ainda pôs na roda que o homem era bom de cama, que se entendiam muito bem nas brincadeiras sexuais, ocupação que não era aquela maravilha com o falecido. Com tantas qualidades, mandou o homem embora por que, Nicinha?

E na resposta não muito clara e sem tanta convicção – o controle, o ciúme, tudo tinha que ser do jeito que ele queria – ficava subentendido que aquela senhora de 55 anos de idade, filhos criados e independência financeira, agarrava-se ainda à ilusão da qual nós, mulheres, não nos libertamos: de que em algum lugar do planeta existe um homem que poderemos moldar à imagem e semelhança do príncipe encantado.

Sem o mítico beijo na testa que faz Bela Adormecida despertar entre passarinhos e nuvenzinhas, é hora de acordar, senhoras, e jogar fora o sapatinho da Cinderela! Porque, é bom lembrar, ninguém conta que no fim da história o príncipe sempre vira sapo…

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Repórter especial em jornais santistas e assessora de imprensa em São Paulo e Brasília, nas equipes de ministros e secretários de Estado. Especialista em Psicologia Analítica Junguiana e Constelação Familiar.

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