Que figura

Nicinha, sem essa de Cinderela! Sábado à noite de um inverno chegando ao fim e a Nicinha toda amuada porque, depois de oito meses de um namoro quente com um português sessentão, ia passar aquele sábado olhando para a televisão, disputando lágrimas com a atrapalhada Luzia...

Ainda usava chupeta quando conheceu Marita, ela também de chupeta, dengosa, batendo as pálpebras em câmara lenta, como se estivesse sempre com sono. Ou sonhando. Deve ter sido por causa desse jeito mansinho, de quem nunca berra nem se joga no chão, que ele parou...

O Edgar não me saiu da cabeça naquela noite de segunda-feira, cheia de chuva e frio. Eu o conhecera à tarde, quando as calçadas ainda estavam secas e ele podia catar do lixo o seu ganha-pão e o que poderia ser seu objeto de desejo...

Mas pode ter ido ao inferno também Se uma história bandida de vida fosse certeza de um ser humano torto, Violeta Parra não teria escrito e cantado Gracias a la Vida, um hino de gratidão por tudo o que via, intuía e tocava, no sentido mais...

Ainda que eu não tivesse coisa melhor para fazer, não teria assistido à entrevista de Rosane Collor ao programa Fantástico. Certos comportamentos (alheios) me constrangem e um deles é este, de lavar roupa suja em público, como se ao escancarar os porões escuros do passado...