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“Alma Despejada”, um chamado para a vida aqui e agora

Quem sou eu?

Bem assim, com uma interrogação, foi a minha provocação, nesta semana, aos meus grupos de mentoria na Pinacoteca Benedicto Calixto. A gente pode até fazer de conta que não ouviu, que não sentiu a pedra no sapato dizendo que é melhor dar uma paradinha e ver como vai lidar com isso. Tem gente que segue em frente, fazendo de conta que não está doendo. Tem gente que nem percebe que aquilo já virou um calo, que o sapato deformou e que o passo se desalinhou. A maioria de nós não se dá conta de que a tarefa de uma vida é evoluir e que, por mais que façamos ouvidos surdos, o chamado para nos tornarmos conscientes se cola à existência.

Até mesmo depois que a gente morre. Foi o que concluí com Teresa, a doce, a engraçada e ácida Teresa que Irene Ravache leva para o palco do Teatro Porto Seguro, no tocante texto de Andréa Bassiti, “A Alma Despejada”. Pois em espírito (é isso que Teresa é agora), essa perguntinha que já nos perseguiu uma vida inteira, ainda está lá, atormentando aquela alma: o que sou agora? Lá às tantas, ao olhar as coisas desnecessárias que foi carregando pela vida, Teresa conclui que não precisava guardar aquilo tudo. Nem na casa, da qual ela se despede, nem na alma, que a essa altura não tem como recompor a inconsciência em vida.

Oitenta minutos ouvindo esta perfeita composição que éTeresa-Ravache no Teatro Porto Seguro. Ficaria lá para uma segunda sessão, se houvesse. Voltei pensando que se a gente pode fazer isso (voltar ao mundo dos vivos, de vez em quando), até que não é tão ruim morrer. Ruim, mesmo, é concluir, lá no outro mundo, que perdeu tempo demais não vivendo, fingindo não ver, guardando inutilidades (nos armários e nas emoções), “sendo mais dona de casa do que dona de mim”, como diz Teresa na sua versão ácida. É tempo de a gente se rever. Ainda dá tempo, antes de ir para o outro mundo. Até porque, na sua versão boazinha, Teresa avisa: “A memória é a herança que deixamos para nós mesmos”.

Que memória você vai deixar de você mesmo?

Obrigada, Lígia e Paulo Braun, com sua Braun Turismo, pela oportunidade de ser apresentada às tantas Teresas que nos habitam. Voltei mais convicta daquilo que acredito e tento praticar e transmitir. Obrigada, queridas companheiras de viagem e de vida, Teresas que me têm ensinado tanto.

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Repórter especial em jornais santistas e assessora de imprensa em São Paulo e Brasília, nas equipes de ministros e secretários de Estado. Especialista em Psicologia Analítica Junguiana e Constelação Familiar.

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