Que sonho é esse? Você pode achar a resposta
Quantas e quantas vezes essa pergunta não sai da nossa cabeça depois que acordamos? A jornalista e analista junguiana Vera Leon criou um canal no Youtube para conversar sobre isso.
O sonho vem, você acorda com as mais variadas emoções e não sabe o que fazer com elas. Muitas vezes escrevi ou liguei para a Vera Leon e ela, generosamente, me abriu caminhos. Por conhecer seu trabalho, fiquei muito feliz quando ela me contou a novidade. Há muitos anos Vera estuda os sonhos e se aprofundou em cursos, pesquisas e experiências pessoais. Primeiro ela criou o blog “Que sonho é esse”, quando percebeu a necessidade que todos temos de entender os sonhos. Levou o tema para seus terapeutas junguianos e durante todo esse tempo o encantamento só foi crescendo. Há 22 anos ela escreve seus próprios sonhos em um caderno e a sequência mostra o quanto eles são reveladores. Eu até tentei por um tempo, mas não tenho toda essa disciplina, embora tenha muitos sonhos.
Vera diz que não vai ensinar ninguém a ler ou a ver sonhos, essa tarefa é difícil mesmo o mais experiente analista. E é difícil porque o sonho é sempre do sonhador. O que ela pretende, sim, é despertar a curiosidade e respeito pelo sonho, para que as pessoas tentem valorizar o conteúdo excepcional que ele traz. “Ele é único, vem do inconsciente trazendo uma mensagem que a consciência precisa conhecer. Os sonhos são importante ferramenta de autoconhecimento, mas para que eles nos auxiliem na compreensão de nós mesmos e das nossas circunstâncias, é preciso dar um sentido aos símbolos que fazem da mensagem onírica quase um quebra-cabeças”. Assim, esse canal é para todos que têm e se interessam pelos sonhos e todas as inquietações que eles trazem, fazendo deles uma luz que nos orienta para o melhor de nós mesmos. Faça seus comentários ou escreva-nos com suas dúvidas. Juntos, vamos tentar encontrar essa luz.”
O canal: Que Sonho é Esse?
Para o blog SanSão, Vera deu uma entrevista muito especial:
Quando começou a se interessar por sonhos?
Meu interesse pelos sonhos, de uma forma mais atenta e consequente, vem desde o início dos anos 1990, mas eu já havia sido iniciada nesse universo uns 10 anos antes, quando fiz meu primeiro processo psicoterapêutico. Meu primeiro caderno registra sonhos desde 1993 e neste período eu não estava em terapia, foi um impulso meu, devido ao momento que eu estava vivendo. Anotar os sonhos, naquela época, foi como ganhar um ouvinte, um confidente e desta forma, sei hoje, que consegui aliviar a tensão e a dor daquela fase.
Todos os sonhos têm significado?
Eu diria que todos os sonhos contam alguma coisa, oferecem material para que tenhamos conosco uma conversa… Às vezes, são coisas do cotidiano, situações que vivemos e que nos sonhos parecem se organizar melhor, mas por vezes são temas grandiosos, provocações, do tipo que fazem mesmo a gente se perguntar “que sonho é esse?!”.
Sonhar faz bem?
Sim, e faz tão bem (embora nem sempre nos agrademos do conteúdo do sonho) que pessoas que dizem não sonhar (na verdade, não lembram dos sonhos) se sentem meio frustradas, como se estivessem perdendo um pouco dessa festa tão exclusiva. Sonhar nos orienta, chama a atenção para o que está acontecendo na nossa dimensão mais profunda, tem uma função compensatória que ajuda a manter o equilíbrio da energia psíquica.
Por que é importante registrar o sonho?
É importante registrar os sonhos primeiro porque é uma informação única sobre você mesmo, ninguém vai contar uma historinha igual… E se você não anotar, aquela informação tende a se perder, a gente esquece e fica com aquela sensação de que perdeu algo valioso. Pode ser até que você não faça a menor ideia do que está anotando, mas pode crer que aquela “conversa” com o seu caderno de sonhos terá uma repercussão no seu mundo psíquico. E anotar com a data ajuda, também, a fazer associações com o momento que estamos vivendo, coisas que vamos entender tempos mais tarde.
Por que tanta curiosidade no significado dos sonhos?
Ficamos curiosos sobre nossos sonhos porque sabemos, inconscientemente, que aquela conversa, aquela mensagem nos diz respeito. Penso que é algo instintivo, e essa curiosidade fica ainda mais acentuada porque como a linguagem dos sonhos é simbólica, ficamos tentando entender (com os valores e as razões do ego) o que aquilo tudo quer dizer. Natural que fique essa inquietação, porque o sonho vem como uma charada, digamos assim, e a gente quer decifrar!
Filmes ajudam a entender os sonhos?
Mais do que filmes, penso que as pessoas entenderão melhor o que se passa nesse mundo inconsciente se procurarem leitura séria sobre o assunto, como “O Caminho dos Sonhos”, da Marie Louise von Franz, “A sabedoria dos sonhos”, da Karen Signell. Mas um filme interessante para conhecer a abordagem de Carl Jung sobre o material do inconsciente pode ser o filme “O Método Perigoso”, mas há um outro que gosto muito, embora não fale de sonhos. O filme “Jogo de Cena”, de Eduardo Coutinho, tem pelo menos umas 4 ou 5 citações a sonhos, sobre o que os sonhos provocaram na vida de determinados personagens do filme.