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Extra! Extra! Olha o Ardina!

Imagina o que foi me deparar com a figura do Ardina em pleno centro da cidade do Porto, em Portugal, num domingo de preguiça e curiosidade (eu acabara de chegar), em que faltam olhos para dar conta de tanto novo se instalando na gente. Lá estava ele, na obra do escultor Manuel Dias, na Praça da Liberdade, bem em frente à Igreja de Santo Antonio dos Congregados, a oferecer o ‘jornal do dia’. Claro que, no encontro com a estátua, muitos não resistem a lhe dar o braço e sacar uma foto.

Para mim, jornalista do tempo em que se amarrava cachorro com linguiça, nunca tinha ouvido falar em Ardina, não com esse nome. Sabia, sim, por ver nos filmes e outras referências mais antigas, dos meninos que se colocavam nas calçadas, com o jornal quentinho, a berrar as notícias que provocavam uma corrida à sua pilha de diários. Acho que eu generalizava e os chamava jornaleiros, substantivo que, em tempos mais modernos, se ampliaria para “o homem da banca” (de jornais), denominação bem mais genérica, pois a ele não cabe apenas vender jornais, hoje em dia.

Voltando ao Ardina, a estátua no centro movimentado no entorno da Estação São Bento, tão linda, é uma homenagem ao trabalho de quem ainda é assim conhecido em Portugal, embora não circule mais pelas ruas de suas cidades populosas, como Lisboa e Porto, tal qual no passado, apregoando a manchete do dia. Nos tempos idos, a cada exemplar vendido, um dinheirinho ia para o bolso da calça de suspensórios ou do paletó, um traje que sempre deu dignidade a quem o vestia, mesmo o mais humilde Ardina.

Quanto ao paletó e sua associação com dignidade, há controvérsias nos dias de hoje, mas isso é conversa para outro passeio.

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Repórter especial em jornais santistas e assessora de imprensa em São Paulo e Brasília, nas equipes de ministros e secretários de Estado. Especialista em Psicologia Analítica Junguiana e Constelação Familiar.

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