Varilux, o imperdível cinema que fala francês
Bem que eu gostaria de, até o dia 20 deste mês, ocupar-me somente com a telona do Cinespaço Santos e assistir a todos os filmes do Festival Varilux de Cinema Francês, que desde ontem atrai para o primeiro piso do Shopping Miramar os amantes do cinema, em geral, e mais especialmente os fissurados no cinema francês, entre as quais eu me incluo. Mas, como a vida não é feita apenas de devoção, e enquanto tenho também que cumprir com as obrigações (a vida está cheia delas!), vou aproveitar o máximo que eu puder do Varilux! O evento se espalha por 60 cidades brasileiras e Santos é uma das privilegiadas, recebendo títulos da nova cinematografia francesa e um super clássico que completa 50 anos e merece um brinde: o Z, de Costa Gavras, um suspense político dos mais atuais e com um time de bambas que inclui Jean Louis Trintignant, Yves Montad e Irene Papas.
Aos 50 anos, Marie-Francine volta a morar com os pais
Como os filmes são exibidos mais de uma vez, há uma boa chance de conseguir assistir à maioria. Um que me chama a atenção (três oportunidades de conferir!) é a comédia 50 são os novos 30, dirigido e interpretado por Valérie Lemercier, e contando a história de Marie-Francine, que está velha demais para o marido, foi demitida do emprego e deve voltar para a casa dos pais. Aos 50 anos de idade isso pode ser difícil de engolir, mas a vida reserva mais surpresas para Marie-Francine, ao conhecer Miguel, que não ousa confessar que está na mesma situação que ela. E agora?
Romance entre paciente e psicoterapeuta em O Amante Duplo
Outro que promete é O Amante Duplo, trazendo um tema sempre delicado, que é o envolvimento de paciente e psicoterapeuta. É o que acontece com Chloé, uma jovem frágil que se apaixona pelo seu psicanalista, Paul Meyer, que também acaba se envolvendo com a moça, o que põe fim à relação inicial. Só que o agora amante não contou tudo para Chloé e é aí que se instala o clima de mistério, suspense e pano pra manga para se quebrar a cabeça. Só mais uma pista: Paul tem um irmão gêmeo e dá para imaginar como a semelhança entre os dois será usada.
Nina é a mãe dedicada de Romain em Promessa ao Amanhecer
De belíssima fotografia é Promessa ao Amanhecer, que ainda tem uma história e tanto para atrair público, com o personagem Romain Gary nos levando com ele desde sua infância difícil na Polônia, passando por sua adolescência sob o sol de Nice, até suas proezas como aviador na Segunda Guerra Mundial. E será que Gary seria tudo isso se não fosse Nina, sua mãe, uma mulher cativante e excêntrica? Ela fará dele um dos maiores romancistas do século XX, mas tamanha dedicação materna tem lá seu preço.
Julien é filho de Miriam e Antoine, que brigam por sua guarda
Custódia, primeiro longa de Xavier Legrand, não poderia ser mais atual com o tema que aborda. Miriam e Antoine Besson se divorciaram e ela está tentando a custódia exclusiva de seu filho, Julien, para proteger o menino de um pai que ela diz ser violento. Antoine, no entanto, defende seu caso como um pai desprezado e a juíza decide pela guarda compartilhada. Refém do crescente conflito entre seus pais, Julien é levado ao limite para evitar que o pior aconteça. A história nada tem de ficção, pois o que se tem visto na vida real é um jogo cruel de pais que não sabem dialogar e criam um terror doméstico de consequências irreparáveis para todos os envolvidos, mas os Juliens dos lares assim belicosos são, sem dúvida, as maiores vítimas.
Vale a pena então conferir toda a programação do Festival Varilux de Cinema Francês, com todos os horários do Cinespaço, no site http://variluxcinefrances.com/2018/
