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Hebe Eterna, a mostra que põe você no sofá da musa

Confesso que nunca sentei no sofá lá de casa para assistir ao programa da Hebe. E por uma razão bem simples: aquilo passava tarde da noite e nem ela e seus mais exóticos convidados me fariam ficar acordada. Noite é para dormir. Cedo. Salvo se estiver passando Law and Order SVU e aí faço uma concessão!

Voltando à moça de Taubaté, que chegou a esse mundo com o Sol em Peixes, em 8 de março de 1929, ela certamente não aterrissou por aqui a passeio! De cantora de rádio à rainha da TV brasileira, Hebe encarou a jornada com uma fibra admirável e com a transparência que se espera dos indivíduos. Por isso, não tenho receio de dizer que a vida dela não cabe numa exposição, mas a gente sai do Farol Santander com a sensação de que chegou bem mais perto da estrela que faz juz ao que se anuncia: Hebe Eterna.

Dos cabelos pretos que eram a sua matriz, até virar loiríssima para sempre, Hebe encarou holofotes e críticas, aplausos e saias justas das quais, é bom ressaltar, se saía sempre muito bem, distribuindo beijinhos e sorrisos escancarados. Participou da primeira transmissão ao vivo da TV brasileira, em 1950, e só por isso já seria eterna. Não recuou diante de desafios, como conduzir o primeiro programa feminino da televisão, entrevistar, entre outras figuras do cenário internacional, a francesa Edith Piaf, outra eterna.

Na vida pessoal, atravessou, humanamente, algumas tempestades. Apaixonou-se, foi deixada, fez aborto, casou, descasou, casou de novo, teve filho, teve câncer, teve garra e essa disposição de encarar as provas sem se esconder foi lição tanto para o seu público fiel como para quem a acompanhava a distância.

A exposição no Farol Santander conta a história da musa brasileira em painéis onde Hebe mostra sua cara plural. Seja pelos cortes de cabelo ou mesmo a falta dele, quando submeteu-se à quimioterapia, no início de 2010, seja pelas posturas políticas que ora a levavam a ser uma “cara pintada”, pedindo o impeachment do presidente Fernando Collor, ora sendo declaradamente malufista, mesmo angariando críticas com isso.

Distribuída entre os andares 19º e 20º do prédio histórico no centro de São Paulo, a mostra ocupa cerca de 400m2 e se espalha em 11 ambientes. As mulheres que visitam o Hebe Eterna se demoram, claro, ante os modelitos usados por Hebe e expostos sob iluminação suave. Cristais e rendas, em criações de estilistas famosos, merecem olhar mais apurado do público feminino, que também faz uma parada mais demorada diante das prateleiras com sapatos de saltos que Deus me livre!

Não bastasse a fartura de peças, mais de 200 fotos das tantas etapas de sua carreira espetacular e milionária, trechos de programas que são exibidos em aparelhos de TV de vários modelos, o Hebe Eterna ainda tem experiências interativas e muita gente disputa um ângulo para dar um selinho na beijoqueira.  A mostra é uma pedida e tanto até para quem não acompanhou a carreira de Hebe, uma figura que chamou para si e soube manter, até sua morte, em 29 de setembro de 2012, a atenção, a admiração e o carinho de um público que certamente sente muito a sua falta.

(Melhor ainda foi conhecer a mostra ao lado de mais de 50 mulheres, a maioria dos meus grupos de mentoria da Pinacoteca Benedicto Calixto, num passeio muito bem organizado pela Braun Turismo, com Lígia e Paulo Braun nos conduzindo e mimando-nos todo o tempo).

Mostra Hebe Eterna – até 02 de junho

Farol Santander – Rua João Brícola, 24 – centro de São Paulo

Entre no site e programe sua visita: https://farolsantander.com.br

contato@veraleon.com.br

Repórter especial em jornais santistas e assessora de imprensa em São Paulo e Brasília, nas equipes de ministros e secretários de Estado. Especialista em Psicologia Analítica Junguiana e Constelação Familiar.

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