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Por inteiro e até o fim

Drummond se enganou ao dizer que amor

é dado de graça…

 

Enquanto humanos, enquanto reproduzirmos na terra os

humores que Zeus e sua turma experimentaram sem pudor algum,

viveremos nossos amores um dia aos tapas, outro dia aos beijos.

Amor dado de graça deve ser o de Madre Tereza, do Padre

Cícero, e de outros mais anônimos.

Ai, mas imagino a sombra dessa gente!

 

O meu, não. Ele não se alimenta do olhar agradecido do

excluído, nem se satisfaz com um pedaço de pão distribuído,

quem sabe, daqui mais dois dias…

 

O meu amor, amor meu, é egoísta como menino com brinquedo

novo… quer tudo, todo o tempo, por inteiro e até o fim.

Meu amor é, às vezes, insano, como são, ainda

que uma vezinha só, se verdadeiros, todos os amores.

 

Esses amores únicos são insanos, surdos, cegos,

absolutamente sem pudor, sem dó, sem trégua…

Conhece amor assim? Não?! Que pena!

 

É preciso, uma vez que seja, enlouquecer de amor, doer de

desejo, arder de vontade, delirar de fome e sede, se

contorcer pelo prazer que já não há.

E ter a lucidez de que não mais, nunca mais…

E sobreviver, respirar de

novo, olhar em volta e saber que por um atmo – segundos,

anos, milênios? tudo pode ser um atmo – fiquei cara a cara

com o Absoluto.

 

Não tema, meu menino sempre menino. Você me inspira. Só isso.

Não tema por mim, por meu amor. Só eu sei dele e só eu sei se

ardo ou se tenho (ainda) a testa fresca pelo teu doce assoprar.

Não tema pelos alfinetes, necessários para

furar o balão e trazer de volta à terra quem se estava indo.

contato@veraleon.com.br

Repórter especial em jornais santistas e assessora de imprensa em São Paulo e Brasília, nas equipes de ministros e secretários de Estado. Especialista em Psicologia Analítica Junguiana e Constelação Familiar.

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