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Cada pessoa já nasce com uma vocação?

Ao falar sobre vocação, destino, caráter e imagem inata, no livro “O Código do Ser”, o analista James Hillman descreve todos esses poderes citando o momento em que Ella Fitzgerald, “uma jovem magra e desajeitada sobe timidamente ao palco do Opera Harlem House, em uma noite de calouros”, para dançar.

Em dado momento, o apresentador diz: “O que houve, querida? Uma retificação, meus amigos. A srta. Fitzgerald mudou de ideia. Ela não vai dançar, vai cantar…”. Ella Fitzgerald bisou três vezes e ficou em primeiro lugar, apesar de ter a intenção de dançar.

E conclui Hillman, exaltando sua teoria: “Foi o acaso que de repente a fez mudar de ideia? Teria sido ela subitamente estimulada por um gene cantor? Ou teria sido esse momento uma anunciação, chamando Ella Fitzgerald para seu destino específico?”.

Pense nisso. Preste atenção ao chamado, porque nele está o seu destino. A sociedade de consumo nos leva a seguir uma tendência de ouvir outro tipo de apelo: a carreira que mais dá dinheiro; a escolha que leva ao sucesso; se deu certo para o fulano tem que dar certo também para mim… Quanta energia perdida e, quem sabe, quanto talento também escorre por entre as ilusões de aderir ao bloco ‘maria vai com as outras’.

Difícil ser a gente mesmo! Difícil subir no palco da vida e dizer “quero cantar”, quando todo mundo está esperando que você dance, que faça mágica, que conte piadas, que advogue, que seja o diretor-presidente. Ouça seu daimon, seu anjo da guarda, pois “ele nos acompanha para que nossa vocação seja vivida”, como afirma Hillman.

contato@veraleon.com.br

Repórter especial em jornais santistas e assessora de imprensa em São Paulo e Brasília, nas equipes de ministros e secretários de Estado. Especialista em Psicologia Analítica Junguiana e Constelação Familiar.

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